quinta-feira, 31 de março de 2011

Começam hoje (31) julgamentos de repressores da ditadura

Adital (http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=55159)

Tatiana Félix
Jornalista da Adital
 
Adital

Hoje (31) começou uma série de nove novos julgamentos contra repressores da ditadura na Argentina. O ex-comissário Roberto José Martínez Dorr começou a ser julgado por sequestro e tortura contra o estudante Froilán Aguirre. Os novos julgamentos acontecerão em Salta, Tucumán, Corrientes, Rosario, Mar del Plata e Buenos Aires.

No último dia 24, quando se completaram 35 anos do golpe militar na Argentina, a presidente do país, Cristina Fernández de Kirchner, reivindicou os julgamentos contra os repressores da ditadura ‘terrorista mais cruel e homicida' da história do país. Em comunicado oficial, o governo ressalta as políticas que puseram em vigência os Direitos Humanos, garantindo o combate à impunidade.

Os novos julgamentos já estão agendados e acontecem ao longo do ano. No mês de abril acontecerá julgamento em Salta, no dia 4. Em Bahía Blanca serão julgados os 19 repressores de 100 vítimas da Universidade Nacional do Sul (UNS). No dia 27 de abril, em Corrientes, é a vez do julgamento do caso "Panetta". Em 21 de junho acontece outro julgamento em Salta, sobre o sequestro e tortura a Pablo Salomón Ríos.

Em 2 de maio, continuam os julgamentos em Mar del Plata, dando início à causa que julgará o circuito repressivo da Polícia da Província de Buenos Aires, Exército e Força Aérea. No total, serão 17 acusados que sentarão na cadeira dos réus, respondendo crimes cometidos contra 85 pessoas.

Em 10 de agosto começará em Buenos Aires o julgamento dos acusados por 22 sequestros e torturas. O caso do Massacre da rua Juan B. Justo será julgado em 29 de agosto, em Rosario. Por fim, em 4 de outubro será iniciado em Tucumán o julgamento dos acusados pelo assassinato de Osvaldo De Benedetti, em 1978.

Outros julgamentos já estão em andamento no país, como o caso 'Esma', em Buenos Aires, que julga 18 repressores do Centro Clandestino de Detenção, que teve cerca de 5 mil presos desaparecidos.

Manifestação popular

Para celebrar o avanço dos julgamentos dos acusados de terem cometidos crimes de perseguição e lesa humanidade, organismos de direitos humanos realizaram um ato na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, no último dia 25.

Na ocasião, organizações como Mães e Avós da Plaza de Mayo, Familiares de Presos Desaparecidos e outras, reivindicaram a imediata abertura dos arquivos da ditadura, para "nos permitir saber o que se passou com nossos filhos e netos, e encontrar os nomes dos repressores que ainda continuam atuando". "O povo argentino tem o direito a ter justiça e saber a verdade", ressaltaram.

Os/as militantes também destacaram o avanço dos julgamentos, que já estão marcados e que acontecerão em vários locais do país, a condenação de 169 genocidas da ditadura e os 865 processados, ressaltando que isso significa o 'fim da impunidade' para muitos responsáveis pelos crimes de lesa humanidade. "Estamos vivendo um momento histórico, os assassinos estão sendo julgados", declararam.

As organizações também celebraram, antecipadamente, a condenação dos repressores que atuaram no centro clandestino de detenção Automotores Orlettu, que será decidida hoje (31).
Os manifestantes pediram ainda o avanço nos julgamentos contra os responsáveis que se beneficiaram com o modelo econômico da ditadura, que tentou destruir a política como ferramenta de mudança e de luta. Eles acusaram ainda a hierarquia da Igreja Católica, os membros de justiça, a Sociedade Rural e algumas empresas de terem sido 'cúmplices do genocídio'. Os veículos de comunicação também não foram poupados e foram acusados de terem 'justificado' o golpe.

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