segunda-feira, 25 de abril de 2011

Militares e guerrilha uruguaia tentaram acordo de anistia durante a ditadura, revela jornal

Fonte: Opera Mundi


Militares uruguaios e ex-guerrilheiros Tupamaros teriam negociado, em 1998, um acordo sobre as violações aos direitos humanos durante a ditadura (1973-1985, revelou nesta segunda-feira (25/04) o jornal uruguaio El Observador. A negociação, porém, não foi  concretizada por conta das circunstâncias políticas da época. 

A reportagem do El Observador publicou um documento revelado pelo agrupamento Tenentes de Artigas, de orientação direitista e da qual a maioria de seus membros teve alguma participação na ditadura.O texto indica que os desaparecidos foram consequência de "uma guerra" que existiu no país e pela qual toda a sociedade deveria assumir sua parte da responsabilidade. 

"Lamentamos profundamente os mortos e desaparecidos de ambos os lados", diz o texto. "Todos caíram defendendo seus ideias, errando ou acertando, isso não importa agora, muito menos quando nenhuma parte pode alegar total certeza em suas verdade políticas", acrescenta o documento. 

Por outro lado, sustenta que "ninguém pode dizer que existiu um plano de extermínio ou que os desaparecidos tenham sido assassinados com fria premeditação, mas que foram em circunstâncias muito diferentes, sem buscar intencionalmente suas mortes". 

Segundo o jornal, os Tupamaros mantiveram contato com os militares sem a participação da Frente Ampla, coalizão de esquerda da qual fazem parte e que atualmente governa o país, enquanto os Tenentes de Artigas também não pediram autorização de seus superiores. 

Várias dessas reuniões teriam acontecido na chácara do atual presidente uruguaio, José Mujica, ex-guerrilheiro e membro do grupo, que permaneceu por 13 anos na cadeia durante o regime militar. 

Essa negociação vem à tona poucos dias antes de uma votação na Câmara de Deputados, no dia quatro de maio, sobre a anulação da Lei de Caducidade (também conhecida como da Impunidade), que em 1986 anistiou militares e policiais que violaram os direitos humanos durante a ditadura. 

A anulação, que foi aprovada pelo Senado em 12 de abril, foi negada pela população anteriormente em duas oportunidades, nos plebiscitos de 1989 e de 2009. 

Apesar da lei impedir o julgamento das violações aos direitos humanos durante a ditadura no país, nos últimos 10 anos foram presos 17 ex-militares, entre eles o ex-ditador Gregório Alvarez (1981-1985). 

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