Fonte: Blog do LFG
DIOGO ARRAIS
Muita gente assistiu ao bem-visto programa CQC da semana passada. No quadro O Povo Quer Saber, houve a participação do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Ao ser perguntado sobre o que aconteceria se tivesse um filho homossexual, foram proferidas as seguintes orações:
“Isso nem passa pela minha cabeça. Eles tiveram boa educação. Eu sou um pai presente, então não corro esse risco.”
No mesmo momento, lembrei-me do famoso significado do termo SILOGISMO. Vejamos o que a mais recente versão do dicionário Houaiss traz: raciocínio dedutivo estruturado formalmente a partir de duas proposições (premissas), das quais se obtém por inferência uma terceira (conclusão) [p.ex.: "todos os homens são mortais; os gregos são homens; logo, os gregos são mortais"]
Ele é deputado; acredita em ditadura; logo, deixa para lá!
Veja a outra espécie de silogismo – enviada a Preta Gil:
“Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito BEM-EDUCADOS e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu.”
Acredite! O termo BEM-EDUCADOS possui hífen. É verdade: os prefixos MAL- e BEM- fazem uso do hífen caso o radical da palavra seja iniciado por vogal, h ou letra idêntica à última do prefixo(M ou L).
Podemos, democraticamente, criar nossos silogismos hifenizados:
Ditadores são mal-intencionados; políticos eleitos mal-educados; logo, obras bem-atrasadas.
Uma construção bem-atualizada:
A panicat bem-ajambrada; homens bem-mamados; logo, audiência televisiva bem-aventurada.
E para o novo papel de Wagner Moura em VIPs (plural de sigla não possui apóstrofo):
Um falsário bem-encarado; Amaury Jr. bem-enganado; logo, pose do bem-estar.
É! Muitos silogismos em um país com declarações de tantas conotações. Virgem! Mais uma vez rimou!
Pelo menos um silogismo hifenizado será bem-ampliado e bem-homenageado:
José Alencar sempre bem-maduro; apoiou emotivamente os mal-afortunados; lutou bravamente contra os malcriados; nunca foi à aula dos malsucedidos; logo, eternizou-se na história nacional como um benfeitor que ressignificou a grafia de bem-ordenado.
Deu para perceber quem vive (ops!), ou melhor, como se usa MAL- e BEM-?
Um abraço e até a próxima!
Diogo Arrais
twitter.com/diogoarrais
Apresentador do programa Gramática Fácil da TV LFG
Professor da rede LFG

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