Fonte: Conjur (www.conjur.com.br)
Morreu na madrugada desta
segunda-feira (9/7), no Rio de Janeiro, o advogado Arnaldo
Lopes Süssekind, no dia em que completou 95 anos de idade.
Segundo informações do Tribunal Superior do Trabalho, instituição que integrou
entre dezembro de 1965 e agosto de 1971, o jurista foi vítima de insuficiência
respiratória seguida de parada cardiorrespiratória.
Süssekind era um dos
doutrinadores mais admirados pelos ministros do TST. Em pesquisa feita peloAnuário da Justiça Brasil 2011,
publicado pela revista Consultor Jurídico, foi o
mais citado pelos ministros que compunham a corte trabalhista no ano passado.
Seis juízes o apontaram como o doutrinador de sua preferência.
O doutrinador era o
único remanescente da comissão encarregada da elaboração da Consolidação das
Leis do Trabalho. Fez parte da comissão com apenas 24 anos de idade.
Atualmente, trabalhava como consultor jurídico da mineradora Vale na área
trabalhista e era conselheiro da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
O velório de Süssekind
será feito a partir das 14h desta segunda, no edifício sede do Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ), que leva seu nome, até as 13h desta
terça-feira (10/7). Às 14h30, o corpo será cremado no Cemitério São Francisco
Xavier, no Caju, Rio de Janeiro.
O presidente da Ordem
dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse que “a ausência
de Süssekind deixará, com certeza,saudades e um vazio que, pouco a pouco,
haverá de ser preenchido por seu imenso legado em favor do Direito do
Trabalho”. “A inestimável presença de Süssekind na edificação da legislação
trabalhista em nosso país, inclusive participando diretamente da elaboração da
CLT, marcou a sua existência, sobrelevando a sua generosa preocupação com os
destinos da classe trabalhadora, expressa, sobretudo, no sistema protetor que
as normas consolidadas, emanadas dos seus altos conhecimentos jurídicos,
consagram”, disse.
Já o Instituto dos
Advogados Brasileiros (IAB), por meio de nota, disse que Süssekind “deixa um
enorme legado a todos os estudiosos”. Ele se tornou membro da entidade em julho
de 1978 e era membro do Conselho Superior. “O ministro Arnaldo Süssekind foi,
sem dúvida, um dos maiores expoentes do País nos campos do Direito do Trabalho
e do Direito Previdenciário.”
A Santa Casa da
Misericórdia do Rio de Janeiro também lamentou, por meio de nota, a morte do
trabalhista, um membro da Irmandade da Misericórdia há mais de 50 anos. “O
jurista e ex-ministro do Trabalho e Previdência Social integrava a mesa
superior administrativa da instituição, cúpula responsável pela supervisão e
zelo do atendimento hospitalar, cemiterial, educacional e demais serviços
assistenciais prestados pela entidade filantrópica. A Santa Casa expressa suas
mais profundas condolências à família desta importante figura na história
política do país”, declarou.
Arnaldo Lopes
Süssekind foi ministro do Trabalho e Previdência Social no governo Castello
Branco, de abril de 1964 a dezembro de 1965 e procurador-geral da Justiça do
Trabalho. Foi ainda ministro do Tribunal Superior do Trabalho por seis anos,
até 1971, e seu nome batiza o prédio da sede do TRT do Rio. Patrono dos
advogados trabalhistas, integrou a Comissão de Peritos da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), no posto hoje ocupado pelo ministro do TST
Lelio Bentes.
O jurista fez parte da
Academia Brasileira de Letras Jurídicas, da Academia Iberoamericana de Direito
do Trabalho e da Seguridade Social, da Academia Luso-Brasileira de Direito do
Trabalho e de mais 18 associações culturais e científicas nacionais e
estrangeiras, além de presidir conselhos editoriais de importantes periódicos
brasileiros.
Em agosto de 2010, o
TST prestou homenagem a Arnaldo Süssekind durante o Fórum Internacional sobre
Direitos Sociais - Trabalho Decente e Desenvolvimento Sustentável.
“Inquestionável que, em sua marcante vida pública, Arnaldo Süssekind contribuiu
extraordinariamente — eu diria, como nenhum outro patrício — não apenas para a
edificação do Direito do Trabalho em nosso país, como também para a difusão e
aplicação das normas da OIT no cenário mundial e nacional”, afirmou, à época, o
ministro João Oreste Dalazen, atual presidente do TST.
No discurso em
homenagem ao jurista, Dalazen lembrou que Süssekind defendeu, enquanto esteve à
frente do Ministério do Trabalho, o instituto da estabilidade no emprego,
apenas substituído pelo regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
— “uma das primeiras medidas neoliberais de flexibilização da legislação
trabalhista brasileira” — após sua saída. Também se opôs à extinção do 13º
salário proposta na mesma época e solucionou o problema da sobrecarga da folha
de pagamento em dezembro com a adoção da fórmula de pagamento da gratificação
natalina em duas vezes, hoje convertida em lei. Com
informações da Assessoria de Comunicação Social do TST.
Revista Consultor Jurídico, 9 de
julho de 2012
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